A FÚRIA DO DRAGÃO • A Ponte Construída Por Bruce Lee Entre o Kung Fu e o Ocidente

a furia do dragao: Bruce Lee morte e ressureição.

FILMES DE ARTES MARCIAIS FORMANDO ESTRELAS INTERCONTINENTAIS

01 parágrafo


A Fúria do Dragão (Fist of Fury – Lo Wei/1972) é um dos filmes mais célebres da curta carreira estrelada por Bruce Lee. E não é para menos: este foi o título que em maio de 1972 incorporou a expertisse cinematográfica honconguesa ao cinema americano, mudando para sempre a história das lutas naquele que pode ser considerado o carro chefe da escola hollywoodiana: os filmes de ação. Porém, entre estes eventos, isto é, o desembanrque do título na américa e sua completa integração na industria americana, Bruce Lee se tornaria um ícone da cultura pop. Para se ter uma ideia antes dele o cinema honconguês alcançava apenas as colônias chinesas instaladas nos subúrbios dos EUA, todavia após sua aparição meteórica e morte no auge da carreira, ocorreu um movimento chamado “Bruceploitation” que tentava explorar o sucesso de sua figura em todas as mídias comerciais possíveis, sobretudo no cinema, onde causou estrondo a nível mundial.

a furia do dragao: Bruce Lee yellow collant - mulher com collant amarelo de Bruce Lee.
a furia do dragao: Bruce Lee Nunchaku de Bruce Lee
a furia do dragao: Bruce Lee Action figures de Bruce Lees.
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a furia do dragao: Bruce Lee t-shirt - Camiseta com estampa de Bruce Lee.

Bruce Lee tem mais habilidades e produtos que você.

O ocidente queria mais Kung Fu, assim este migrou para o oeste nas escápulas de seu “Carro-chefe de collant amarelo” que uma vez morto, apenas descansaria de fato após a oportuna aparição de seu aclamado e igualmente importante sucessor: Jackie Chan (episódio marcante na concepção das cenas de luta que é devidamente desenvolvido no DesignBook Hong Kong America: Teoria e Prática das Cenas de Luta).

filmes de ação: a furia do dragao: Abdul-Jabbar Game of Death fight scene

COMPOSIÇÃO DAS LUTAS EM A FÚRIA DA DRAGÃO

02 parágrafos


No que se refere às lutas, A Fúria do Dragão é um belíssimo exemplar das experiências que se pode vivenciar assistindo um clássico filme de ação honconguês. Cenas como a batalha ocorrida na escola japonesa – que no melhor estilo Casseta & Planeta, emprega até mesmo os famigerados bonecos dublês – e seu encerramento impactante onde Chen obriga dois de seus alunos a comerem um quadro que deflagrava ofensas ao povo chinês, denotam o tronco implantado pelos títulos de Kung Fu no ocidente com grandes sequências em “planos de ação continuados” – basicamente tomadas em que a cena transcorre semelhante a um plano sequência lateral dinâmico (parte da metodologia principal abordada no DesignBook Hong Kong America: Teoria e Prática das Cenas de Luta) – intercalados com reações destinadas a conferir respiro a ação presente na cena.

a furia do dragao: Bruce Lee Fist of Fury fight scene
a furia do dragao: Bruce Lee Fist of Fury fight scene
a furia do dragao: Bruce Lee Fist of Fury fight scene
a furia do dragao: Bruce Lee Fist of Fury fight scene

Bruce Lee apresentando sua nova dieta a base de celulose.

Esse mecanismo diminui pressões relacionadas a necessidade de coreografias cada vez mais rebuscadas funcionando como uma espécie de conflito interno sobreposto aos golpes que, neste contexto, se caracterizariam como seus análogos externos. Na cena, uma escola inteira é posta abaixo por um só homem seminu, e essa valorização do corpo também é importante pois marca tanto a dissidência entre o cinema de Kung-Fu e seu predecessor Wuxia Pian, dotado de longas e características vestimentas imperiais, quanto uma consonância com o culto ao corpo masculino que imperaria no cinema americano entre os anos 1980 e meados de 1990 (que o diga Jean-Claude Van Damme). Por fim, a batalha não poderia ser encerrarada de outra forma que não com Bruce Lee fulminando o chefe da facção japonesa através daquela lendária voadora que se tornaria o símbolo máximo do Kung Fu e inspiraria coreógrafos de filmes de ação e anônimos por todo o mundo, como o nosso célebre Sub-Zero brasileiro no estado de Goiás.

a furia do dragao: Bruce Lee directing in Game of Death

ARQUETIPIFICANDO O HERÓI DE UMA NAÇÃO

03 parágrafos


No que tante a concepção de personagens, Bruce Lee traz falhas de personalidade poucos comuns nos filmes de ação da ilha produzidos na década de 1970. Embora apresente arquétipos clássicos do Herói Chinês, como a honra e o altruísmo, ele denota defeitos que quase o caracterizariam como um visionário anti-herói oriental. O plot de A Fúria do Dragão, é uma clássica história de vingança, em que o personagem de Bruce, Chen, confronta os algozes que vitimaram seu mestre. Seria mais um tradicional pastel de vingança asiático, se estes assassinos não fossem conspiradores estrangeiros e Chen não abordasse o outrora machucado orgulho Chinês. Lembre-se que próximo daquele período a China sofreu uma tenebrosa espoliação estrangeira que soterrou o moral dos nativos antes de finalmente ser reunificada pelo ditador Mao Tsé-Tung. Assim, A Fúria do Dragão deve ser considerado um filme com viés político nacionalista, retratando a totalidade dos estrangeiros – aqui incorporado pelos japoneses – como ímprobos imundos enquanto enaltece o povo Chinês com qualidades dignas apenas dos romenos segundo o gracioso padre do filme Aferim! (Aferim! – Radu Jude/2015): literalmente eles parecem ter nascido para “amar, honrar e sofrer, como bons cristãos”, embora empiricamente pratiquem apenas o taoísmo, confucionismo e budismo – taoístas em casa, confucionistas na rua e budistas na hora da morte segundo o velho ditado chinês -. Longe de se configurar como algo ruim, Bruce Lee comunica através do filme – bem como em quase todos os títulos que estrelou – uma mensagem de união e valorização da cultura chinesa frente a um contexto de despojo, subordinação violenta e humilhação por parte dos estrangeiros.

a furia do dragao: Fist of Fury fight scene
a furia do dragao: Fist of Fury fight scene
a furia do dragao: Fist of Fury fight scene
a furia do dragao: Fist of Fury fight scene

Imagens inéditas de Bruce Lee atacando patrimônio público e privado.

O ponto da humilhação é muito patente em A Fúria do Dragão tendo suas cenas mais memoráveis girando em torno deste tema. Desde a supracitada batalha na escola japonesa, em que Bruce demonstra seu orgulho frente a um aviltante quadro que rebaixava o povo chinês – faço uma referência simbólica a Clint Eastwood quando este encomenda quatro caixões para seus antagonistas em Por um Punhado de Dólares (A Fistfull of Dollars – Sérgio Leone/1964) – até a famigerada cena transcorrida no parque, em que este destrói os presunçosos invasores japoneses junto da placa pendurada em sua fachada com os dizeres “proibida a entrada de chineses e cães”. É flagrante como existe neste filme uma reafirmação intermitente da identidade chinesa. Outro detalhe interessante que fora adicionado ao título no sentido de reforçar esse sentimento, é o personagem Hu, um Chinês que em A Fúria do Dragão simboliza o traidor de seu povo. Em determinada cena, enquanto goza das benesses de sua sordidez na companhia dos japoneses – e diga-se já se encarando um franco nipônico – é ridicularizado pelos inimigos dos quais se considerava par sendo forçado a caminhar como um cão frente as gueixas que cobiçava. A inclusão de episódios como esse no roteiro de A Fúria do Dragão, está claramente ligado a uma proposta de construir situações antitéticas à fidelidade inabalável que Chen (Bruce Lee) ostenta pelo seu povo, embora apresente um comportamento violento e inconsequente. Afinal, Hu pode ser interpretado como o arquétipo perfeito do tolo segundo o aforismo de Baltasar Gracián no livro “A Arte da Prudência”: aquele que “fracassa por desconsiderar sua condição, posição, origem e amizades”. Convenhamos, um fracasso completo.

a furia do dragao: Chinese imitating dog scene in Fist of Fury
a furia do dragao: Chinese imitating dog scene in Fist of Fury
a furia do dragao: Chinese imitating dog scene in Fist of Fury
a furia do dragao: Chinese imitating dog scene in Fist of Fury

Será que um cachorro se sentiria ofendido se o pedissem para imitar um humano?

Enfim, A Fúria do Dragão é um título que merece ser visto por todos, sejam estes fãs de artes marciais, filmes de ação ou espectadores em geral, tanto pelo reconhecimento de sua relevância histórica quanto pela celebração a uma das maiores personalidades do século XX que aqui protagoniza, entre outras pérolas, aquela que pode ser considerada a pior cena de beijo da história do cinema. Para saber mais sobre como seu estilo revolucionou o cinema de combate possibilitando que este adentrasse o ociedente leia este pequeno tetrartigo. E para os investigadores que desejam se aprofundar nos paradigmas de sua concpção, o DesignBook Hong Kong America: Teoria e Prática da Cenas de Luta mostrará esse e os demais conceitos que compõem a amálgama desenvolvida nos combates cinematográficos desde 1905 em escolas consagradas como a americana e honconguesa. Imperdível para fãs, entusiastas e profissionais da área. O Designbook se econtra em produção com estimativa de lançamento para o meados de 2029. Siga nossas redes sociais para companhar atualizações sobre este e diversos outros grandes títulos e até o lançamento!

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THE VILE

Roteirista e editor chefe

Admirador de microeconomia e cinema independente. Porque não existe nada mais relaxante do que conteúdo de gosto duvidoso e um bom seminário econômico.

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